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segunda-feira, 28 de julho de 2008

TERRORISMO TELEVISIVO

Lembram do “bug do milênio” que, na virada do ano 2000, causaria estragos imensuráveis nos computadores em todo o mundo? Tudo que fosse operado por sistemas eletrônicos computadorizados sofreria uma pane inevitável na virada daquele ano. A televisão informou que seria o caos em todo o planeta.
E o cólera? Uma doença fatal que tinha como elemento transmissor a água. A televisão informava que já tinha havido um caso em Pernambuco e chegaria logo, logo, ao Rio de Janeiro. Nunca se bebeu tanta água engarrafada. Sumiram os estoques dos supermercados. Os engarrafadores adoraram.
Houve também o caso do ebola, uma fatalidade contagiosa, que, segundo a televisão, viria da África nas viagens aéreas.
E a gripe aviária que, qual nova espanhola, mataria em poucos dias milhões de pessoas em todo o mundo? Essa doença funesta seria introduzida no Brasil pelas aves migratórias. A ciência corria contra o tempo para desenvolver uma vacina.
Com a febre aftosa, a televisão derrubou o preço da carne e aumentou o consumo de frango e peixe. Não foi de todo mal. Mas, quando a televisão descobriu que o leite longa-vida continha - contém e sempre conterá - soda cáustica, muitas crianças ficaram privadas desse alimento primordial.
A febre amarela todos se lembram. Foi há bem pouco tempo. Cidadãos, facilmente influenciáveis, correram desnecessariamente aos postos de vacinação. Gastou-se tanto tempo e dinheiro com a febre amarela e esqueceram que era tempo de dengue, essa sim uma realidade. Que foi, porém, envolvida em tanto pavor e apreensão que hospitais e centros de saúde ficaram lotados com portadores de um simples resfriado. Foi o caos na saúde fluminense.
Falei duas vezes em caos e me lembrei do caos aéreo. Todo mundo com medo de avião, o mais seguro meio de transporte. Neste caso, a televisão abusou do terrorismo, como se nada igual já não tivesse acontecido em qualquer país do mundo. Como agora na Argentina.
E já que mudei de assunto, deixemos a saúde de lado. Vamos para a ecologia.
O aquecimento global, que destrói a camada de ozônio, é o moderno apocalipse, é o terrível final dos tempos.
A devastação da floresta amazônica é outro sinal do fim. Desde há muito tempo, o pseudo-pulmão do mundo vem perdendo anualmente uma área igual ao estado de Alagoas ou um campo de futebol por minuto. Pô! já era p´ra ter sido extinto há, pelo menos, dez anos.
Todo esse terrorismo é infligido diuturnamente goela abaixo do aterrorizado e crédulo telespectador. Só lhe resta apelar para Deus. E os templos milagreiros – que também se aproveitam da televisão para fazer terrorismo religioso – vivem superlotados, angariando fundos para os bolsos dos falsos profetas.
Agora, a televisão dedica grande parte de seu tempo a um novo demônio aterrorizante: a inflação. O dragão da maldade está de volta para aniquilar a economia. É a senha para que todos aumentem seus preços defensivamente. Está prevista uma inflação anual de, pasmem, 6% em 2008.
Essa inflação será como o Cometa de Halley. Aquele que surge a cada 76 anos e que seria um grande espetáculo noturno, em 1986. Segundo a televisão, cobriria o céu de luz durante todo o mês de dezembro.
Um fracasso, veja a foto acima. Por poucos dias, foi apenas um vagalume na amplidão do universo.

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