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terça-feira, 20 de setembro de 2011

A DITADURA DERROTADA VI

Página 456

“Geisel não afrouxara os principais parafusos do regime. Com poucos dias de governo, valera-se de um discurso irrelevante do deputado Francisco Pinto, do MDB baiano, para dar sua primeira demonstração de força sobre o Congresso.
Da tribuna, Chico Pinto chamara o general Pinochet de "assassino", "mentiroso" e "fascista". Reclamara da tranqüilidade com que se recebera o ditador chileno: "Para que não lhe pareça, contudo, que no Brasil todos estão silenciosos e felizes com sua presença, falo pelos que não podem falar, clamo e protesto por muitos que gostariam de reclamar e gritar nas ruas contra a sua presença em nosso país".
No primeiro ato politicamente relevante de seu governo, o presidente ordenara ao procurador-geral da República que processasse o deputado junto ao Supremo Tribunal Federal por ter insultado um chefe de Estado estrangeiro.
Pura demonstração de poder, pois nenhum presidente se incomodara com as acusações feitas por seus aliados a ditadores de países socialistas com os quais o Brasil mantinha relações diplomáticas.
A imprensa foi intermitentemente proibida de tratar do assunto, e, em outubro, o Supremo condenou Chico Pinto a seis meses de prisão. Fez dele o primeiro parlamentar brasileiro a sair do Congresso - por decisão do Supremo Tribunal Federal - para o cárcere, num batalhão da PM de Brasília.”

N.L.: Que vergonha para o STF. Bando de covardes. Os mandriões trabalhavam rápido naquele tempo.
Agora, os ex-torturadores insultaram, por oito anos consecutivos o próprio presidente do país e chefe supremo das forças armadas. Mas, quanto mais alto ele chegava, mais se apequenavam aqueles que o insultavam.

Página 457

“Ainda que a imprensa se mostrasse menos policiada, a máquina da censura não só persistia como revelava um grau inédito de truculência.
Num dos seus piores momentos, proibiu por quatro dias que a imprensa de São Paulo noticiasse a existência de uma epidemia de meningite na cidade, inclusive "dados e gráficos" relacionados com a doença.
Os censores de O Estado de S. Paulo suprimiram a informação de que, durante o mês de julho, aproximadamente setecentas pessoas haviam procurado o Hospital Emílio Ribas. Estima-se que a epidemia atingiu cerca de 18 mil pessoas e matou quase duzentas.”

N.L.: Tenho certeza que o general teria proibido que a imprensa noticiasse a epidemia de dengue no Rio e em todo o país.
Ao contrário da dengue, a meningite já tinha, na época, uma vacina plenamente eficaz.
Em outubro de 1974, a epidemia havia matado 287 pessoas em 26 hospitais paulistas. Quer dizer, havia um serial killer na comunidade  e o povo não podia tomar conhecimento para se defender.

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