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sábado, 31 de agosto de 2013

AVIÃO NEGREIRO IV

O cardiologista e ex-ministro da Saúde Adib Jatene, uma das maiores autoridades médicas no país e que preside uma comissão que auxiliou o governo Dilma na formulação do projeto para a mudança do ensino médico, defende o programa Mais Médicos e afirma:“O ensino médico está formando candidatos à residência médica. Isso estimula a especialização precoce. Precisamos formar um médico capaz de atender a população sem usar a alta tecnologia. O médico precisa se transformar num especialista de gente. Municípios pequenos deveriam integrar um consórcio para uso de alta tecnologia. Precisam, porém de um médico polivalente, que atenda do parto a uma emergência.”
De que vale, então, a opinião de cães hidrófobos amestrados pelos donos dos jornais que têm seus motivos para serem contra o Mais Médicos? Entre os cães, uma cadela hidrófoba -= Eliane Catanhede, da Folha - foi quem deu o título a essas minhas quatro postagens quando intitulou o avião que trouxe os médicos cubanos de “avião negreiro”.
De que vale, então, a opinião dos hipócritas de Hipócrates que estão com medo de perder a sua reserva de mercado no interior quando as capitais não mais suportarem a superlotação médica?
Na Globo News, Jorge Pontual dá a sua opinião sobre o tema e tenta mostrar por que os médicos brasileiros combatem a importação dos médicos cubanos. Para ele, o motivo é o modelo de medicina cubana que visa a prevenção das doenças.
De fato, se eles vêm para evitar as doenças, é claro que o médico metropolitano vai receber menos doentes ricos e remediados do interior para consultas nas capitais. Além disto, vai acabar causando um grande prejuízo aos laboratorios clínicos e farmacêuticos que subvencionam as suas viagens para congressos nacionais e internacionais.
Será pelo mesmo motivo que a máfia de branco não é contra a importação de médicos portugueses, espanhóis, argentinos, italianos? Seriam estes diferentes dos cubanos e iguais aos brasileiros?
“Existe um número muito maior de pessoas saudáveis do que de pessoas doentes no mundo e é importante, para a indústria farmacêutica, fazer com que as pessoas que são totalmente saudáveis pensem que são doentes. Existem muitas maneiras de se fazer isso. Uma delas é mudar o padrão do que se caracteriza como doença. Outra é criar novas doenças” – afirma a médica e professora Adriane Fugh-Berman baseada em anos de pesquisa a respeito das práticas da indústria farmacêutica e da facilidade com que ela manipula os médicos, usados não apenas para vender remédios, mas também para promover doenças.
Formada pela escola de medicina da Universidade de Georgetown com especialização em medicina familiar, a Dra. Adriane militou em uma organização voltada à saúde da mulher e ouviu muitos desaforos de médicos, há duas décadas, quando reclamava que não existiam estudos comprovando a necessidade de tratamentos hormonais para mulheres na menopausa. Mais tarde ficou comprovado que existia risco, sim. O tratamento hormonal aumentou em muito os casos de câncer de mama e a prática mudou.
Adriane tem um blog Pharmedout onde fala em inglês sobre suas pesquisas. Uma entrevista sua em português pode ser lida (AQUI) onde ela fala das doenças inexistentes, inventadas por laboratórios, para as quais os médicos receitam os mais diversos medicamentos.
O hipócrita presidente do CRM de Minas Gerais – João Batista Gomes Soares – diz que “Nossa preocupação é com a qualidade desses médicos, que são bons apenas em medicina preventiva, não sabem tirar tomografia. Vou orientar meus médicos a não socorrerem erros dos colegas cubanos”.
E quem socorre os pacientes vítimas de tantos erros médicos brasileiros? Erros certamente muito mais importantes do que os que poderiam cometer os cubanos.
Para terminar esta série de aviões, lembro do que falei (AQUI) sobre o sistema de saúde americano que obriga o cidadão a comprar um seguro-saúde ou, então, sofrer uma punição por não fazê-lo.
Lá, noutro dia, o sem-teto Dean Alsip, de 50 anos, foi preso após roubar um dólar de uma agência bancária em Portland (Oregon). Ele disse ter decidido cometer o crime para poder ser preso e ter acesso a tratamento de saúde gratuito na cadeia.
"Isto é um assalto. Me dá um dólar", dizia o bilhete entregue pelo assaltante ao caixa. Após o assalto, Dean continuou na agência, esperando a chegada da polícia.

A CBS noticiou que ele foi preso e saiu comemorando.

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