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terça-feira, 11 de março de 2014

UM PENSADOR FORA DA GAIOLA

A CONFRARIA DOS PENSADORES FORA DA GAIOLA é um blog que se propõe a reciclar idéias e conceitos estabelecidos. Existe desde 2009 e tem o Rodrigo Phanardzis Âncora da Luz - blogueiro de Muriqui e um dos comentaristas mais conscientes do meu humilde blog - como um de seus autores.
Fui convidado por ele a participar da Confraria escrevendo dentro da proposta de seus autores que refletem idéias novas e observações profundas sobre determinados temas.
Lisonjeado com o convite, mandei um texto para reflexão sobre um conceito considerado pétreo e reputado como a palavra de Deus.
Fiquei muito honrado com a publicação do texto ontem à noite e o reproduzo a seguir.
Agora, sou também um pensador fora daquela gaiola que mantém a maioria reclusa em conceitos antiquados e ultrapassados.

segunda-feira, 10 de março de 2014

HISTÓRIAS DA BÍBLIA
RODRIGO PHANARDZIS ANCORA DA LUZ

 Por Lacerda

A Bíblia conta histórias que até mesmo Deus duvida.
Fugindo da fome, Abraão foi para o Egito com sua linda mulher Sara. Com medo de que os egípcios o matassem para ficar com ela, Abraão pediu-lhe: “Ouve, sei que és uma mulher bela. Quando os egípcios te virem, dirão “é a mulher dele”. E matar-me-ão, e a ti conservarão a vida. Dize, pois, que és minha irmã, peço-te, a fim de que eu seja bem tratado por causa de ti, e salve a minha vida graças a ti” (Gênesis 12, 13-14).
Como Abraão previra, os egípcios notaram a beleza de Sara e foram elogiá-la na presença do Faraó. Acreditando que Sara fosse irmã de Abraão, o Faraó exigiu que ela fosse ao palácio.
“Mercê dela, Abraão foi muito bem tratado, e recebeu ovelhas, bois, jumentos, servos e servas, jumentas e camelos” (Gênesis 12, 16).
Para o Faraó dar tudo isso em troca de Sara, imaginem como ela era linda. Nem Rebeca – a mulher de Isaac, filho de Abraão – era tão bela quanto Sara. Mas, isto é outra história que conto no final.
Deus infligiu tremendos castigos ao Faraó e a sua casa por ter tomado a mulher de Abraão.
O Faraó, então, repreendeu Abraão: “Por que disseste que era tua irmã, fazendo com que eu a tomasse como mulher? Agora, aqui tens a tua mulher, toma-a e vai-te embora” (Gênesis 12, 19).
Abraão se mandou com tudo o que ganhou na troca. E ainda recebeu a proteção dos homens do Faraó até a sua saída do Egito.
Quanto tempo Sara ficou com o Faraó? Não sabemos. Mas, Abraão, que chegou duro e com fome no Egito, saiu de lá feliz da vida pelo que ganhou com o aluguel da mulher.
A estória se repetiu em Gerar (Gênesis 20, 1-17) com o rei Abimalec. Abraão aplicou o mesmo golpe e ganhou mais ovelhas, bois, escravos e escravas, ficou com Sara e mais mil moedas de prata.
Como Abraão – o patriarca das três grandes religiões monoteístas – poderia mentir assim tão descaradamente?
Ele não mentiu, foi apenas uma meia-verdade, Sara era sua irmã por parte de pai.
Passa o tempo, um tempo bíblico. Abraão já tinha cem anos e Sara noventa quando Deus disse que eles teriam um filho ao qual dariam o nome de Isaac (Gênesis 17, 17-19).
Até aí, Sara era estéril e, por isso, tinha oferecido uma de suas escravas para o marido engravidar. Foi assim que nasceu Ismael, o primeiro filho de Abraão. Este foi expulso de casa por Sara, junto com a mãe, depois que Isaac nasceu.
Isaac foi o filho que Abraão quase degolou e queimou amarrado numa fogueira em holocausto a Deus Que o salvou no último segundo da prorrogação. Depois disso, não sei como a criança conseguiu superar tamanho trauma psicológico. Quase virou churrasco, mas cresceu e chegou a hora de casar.
Abraão mandou seu servo mais competente procurar uma noiva para Isaac (Gênesis 24). Ele partiu e voltou com Rebeca, uma sobrinha-neta de Abraão. “Isaac conduziu Rebeca para a tenda de Sara, sua mãe, recebeu-a por esposa e amou-a” (Gênesis 24, 67).
Sobreveio novamente a fome e Isaac partiu com Rebeca. Como seu pai, Isaac sempre levava um papo firme com o Todo-Poderoso Que lhe disse para não ir ao Egito. Ficaram, então, em Gerar com a finalidade de falar com Abimalec, rei dos filisteus.
Quando os homens do lugar comentavam sobre Rebeca, Isaac dizia: “É minha irmã”. Se dissesse: “É minha mulher”, eles poderiam matá-lo, pois Rebeca era realmente bela (Gênesis 26, 7). Talvez, Isaac pretendesse aplicar em Abimalec o mesmo golpe aplicado por seu pai e sua mãe.
Abimalec logo estava de olho em Rebeca, mas, como gato escaldado tem medo de água fria, ficou observando os dois através da janela. Um dia, viu Isaac a acariciar Rebeca.
Abimalec chamou Isaac e disse: “Com certeza ela é tua mulher! E por que te atreveste a dizer que é tua irmã? Pouco faltou para que qualquer homem do povo deitasse com a tua mulher e terias, assim, atraído um pecado sobre nós”.
Abimalec, então, editou uma proclamação a todo o povo: “Quem tocar neste homem ou na sua mulher, será morto” (Gênesis 26, 9-11).
Isaac não podia imaginar que tantos anos depois – digamos uns cinquenta anos – Abimalec ainda se lembrasse do golpe dado por seu pai.

OBS: O texto acima foi recebido para publicação aqui na C.P.F.G. via email enviado a mim pelo seu autor, o qual também atua na blogosfera administrando a página Mangaratiba. Quanto à ilustração, trata-se do quadro Conselho de Abraão a Sara do artista francês James Tissot (1836-1902), conforme extraí do acervo virtual da Wikipédia em http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Tissot_Abram%27s_Counsel_to_Sarai.jpg


N.L.: Como diria Ibrahim Sued: sorry periferia.

6 comentários:

leila disse...

Show! Pra você e para o Rodrigo!

Carlos disse...

Bem, as histórias da Bíblia não foram escritas por Deus. Por isso, prefiro o site Um Sábado Qualquer. É mais engraçado. Bjs, pai.

Eduardo disse...

Sujiro psicoterapia.Serinho!

Rodrigo Phanardzis Ancora da Luz disse...

Caro Lacerda,

Fico feliz que tenha gostado da publicação. Seja bem vindo à confraria e participe deste e de outras postagens lá sempre que desejar.

Abraços.

Rodrigo Phanardzis Ancora da Luz disse...

Em tempo! (Resposta a um dos comentários acima)

Conforme havia exposto no artigo de ontem em meu blogue pessoal, não nego que a Bíblia foi escrita por homens mas que, estando espiritualmente inspirados, esforçaram-se por entender Deus. Tentaram eles transmitir uma mensagem de edificação a um povo dentro de seus limites humanos (tanto do emissor como do receptor), porém agiram motivados por um forte sentimento de compaixão. E vale dizer que, portando-se assim, tornaram o Altíssimo de um certo modo mais acessível aos destinatários de suas cartas.

Conferir a íntegra do texto em http://doutorrodrigoluz.blogspot.com.br/2014/03/disciplina-profetica-amorosa.html

Eduardo disse...

Sugiro psicoterapia de grupo(urgente).