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terça-feira, 1 de abril de 2014

1º DE ABRIL

Em cadeia nacional de rádio e TV, a presidenta Dilma fala hoje à Nação comemorando o cinqüentenário do golpe militar que implantou uma ditadura de 21 anos no país.
Abaixo a íntegra do discurso que será proferido pela presidenta.



"Brasileiros e brasileiras

Dirijo-me esta noite à nação, como presidente da República e comandante-em-chefe das Forças Armadas, para falar de um momento trágico de nossa história. Refiro-me ao golpe militar de 1964, que chega hoje a seu cinquentenário.

Oficiais de então, aliados a setores antidemocráticos do parlamento e da sociedade civil, levaram os três ramos de nossas estruturas militares a romper com a Constituição e suas melhores tradições republicanas, impondo um regime de terror e arbítrio que durou 21 anos.

O presidente João Goulart, governante legal e legítimo, foi derrubado porque a política de reformas que implementaria, a favor da distribuição de renda e riqueza, em defesa da independência nacional e do nosso desenvolvimento, contrariava interesses poderosos, aos quais se alinharam os generais que assaltaram o poder.

Os protagonistas dessa sedição cometeram crime de Estado. Governaram através do terror, pisotearam a democracia, censuraram a imprensa e reprimiram as organizações populares. São responsáveis por delitos de lesa-humanidade.

Cabe a mim, pelas funções institucionais que exerço, pedir desculpas à nação, em nome das Forças Armadas, por estes fatos que mancham nossa história.

Quero comunicar que ordenei, através do Ministério da Defesa, a leitura de ordem do dia, em todos os quartéis, condenando os crimes da ditadura, proibindo qualquer forma de apologia ao regime militar e assumindo o compromisso que jamais o Exército, a Marinha e a Aeronáutica brasileiras voltarão a pisar em nossa Constituição. Nunca mais as armas da pátria serão usadas contra o povo e a democraci.a

Também desejo lembrar todos os que dedicaram sua vida à resistência democrática. Centenas foram assassinados ou estão desaparecidos. Milhares se defrontaram com a prisão e a tortura. Muitos acabaram banidos ou obrigados ao exílio. O Estado brasileiro considera esses homens e mulheres heróis nacionais, a quem muito devemos a reconquista da liberdade.

A Comissão da Verdade, instituída por meu governo, logo chegará a relatório conclusivo sobre este período histórico, depois de longa investigação. Estaremos prontos, então, para novo salto civilizatório, como determinam pactos internacionais dos quais é signatário o Brasil. Nossas instituições terão que decidir se é aceitável que crimes dessa natureza continuem impunes, com seus autores protegidos por uma lei imposta pela própria ditadura.

Boa noite. E obrigada pela atenção."


Infelizmente, como eu disse no título, é primeiro de abril. O texto é uma sugestão de Breno Altman, jornalista e diretor editorial do site Opera Mundi.
A presidenta ainda não tem poder para proferi-lo. Talvez, após a reeleição que é inevitável, quem sabe...

2 comentários:

Carlos disse...

Tem o poder sim! Presidentes argentinos mais fracos enfrentaram uma força armada muito mais retrógrada! Se ninguém tentar, nunca se vai saber! Acho que não tem mais clima!

LACERDA disse...

Ela vai aos poucos. A Comissão da Verdade é um grande passo. A revisão da Lei de Anistia está chegando. A Lei de Mídia vem no segundo mandato.