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domingo, 16 de agosto de 2015

MEU 78º DEZESSEIS DE AGOSTO

Quem não tem presente se conforma com o futuro.
Assim falou o grande filósofo Raul Seixas. E eu, como sempre tive presente, pouco me importei com o futuro. Mas, agora, sem futuro, sou obrigado a me conformar com o passado, embora ainda viva muito feliz com o meu presente.
Tenho todo o tempo pra reviver o que vivi. De preferência somente os lances em que fui bem sucedido. Os fracassos, é claro, esqueci.
Esqueci do tempo em que fui pobre. Do tempo em que a grana terminava antes do fim do mês.
Como diria um rapper na Lapa: hoje, eu tô de rolé no mundo, tá ligado?
Sou um vagabundo convicto, coisa que eu sempre quis ser quando crescesse. As vezes, sonho que estou trabalhando, mas não me entrego: logo acordo.
Acordo cedo e durmo tarde pra ficar mais tempo sem fazer nada. Apenas, ler, ler, ler,
Sigo de bem com a vida, como sempre. Mas, não suporto a mediocridade, a hipocrisia e o bom-mocismo caipira daqueles que têm a mente mais vazia que o seu currículo e que não têm a mínima piedade pela gramática.
E não quero saber de médico nem de vacinas.
Na última vez que me consultei – há mais de quinze anos– o terrorista me disse que meu pâncreas estava falido e quis mudar meus hábitos. Proibiu-me refrigerantes, a cachaça e o consumo de embutidos (lingüiça, mortadela, presunto, etc). Açúcar nunca mais. Queria que eu fizesse exercícios. Correr na praia.
Preferi correr pra bem longe dos médicos.
Se pudesse voltar lá e contar-lhe o meu modo de viver, ele certamente me daria menos de um ano de vida.
Felizmente, não posso. O terrorista – bem mais novo - faleceu bem antes de mim. Quem diria? Nem eu mesmo poderia acreditar em atingir os 78 anos de idade são e salvo. Mas, não me chame para grupos de terceira idade, não diga que sou idoso, nem pense que sou velho. Sou apenas usado. Muito bem usado, aliás.

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