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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA

Saramago – o único Nobel de Literatura da língua portuguesa – escreveu, em 1995, o livro que virou filme dirigido por Fernando Meirelles, em 2008.
Não vi o filme, mas li o livro em que uma epidemia de cegueira espalha-se por uma cidade, resultando no colapso da sociedade. Tudo era permitido porque ninguém via o que o outro fazia. E, quando ele não é visto, o ser humano é capaz de tudo, das piores torpezas.
Lembrei de todo o enredo do livro ao ver agora o que vem acontecendo no Espírito Santo. Logo no Espírito Santo, onde o deus dos hipócritas deveria estar no comando e no controle de tudo como dizem alguns oligofrênicos no facebook.
Assaltos, arrastões, saques e assassinatos sujam as ruas de Vitória de medo, violência e sangue. Na explosão de violência no Espírito Santo, mais de 120 já morreram de forma violenta em todo o estado.
Milhares de capixabas entram nas lojas arrombadas e saem delas carregados de caixas e pacotes. Sapatos, roupas, aparelhos eletrônicos, gêneros alimentícios, tudo ao alcance das mãos é levado num saque coletivo.
Quem saqueia as lojas? Ladrões, traficantes, assaltantes?
Não. Com certeza, foram os seus familiares e amigos. Os saques foram cometidos por pessoas do povo, por donas de casa, mães e avós dos criminosos, pais de família, trabalhadores, estudantes e professoras. Até mesmo uma candidata tucana a vereadora. Enfim, "gente de bem" em um processo irreversível de degradação moral.
Por quê?
Foi como no Ensaio sobre a Cegueira, em que ninguém via o que o outro fazia. A coisa virou bagunça e cada humano podia expressar sua total desumanidade. 
No caso do Espírito Santo, era a polícia que não podia ver porque estava em greve. 
Onde não há repressão, não há limites.
Há barbárie.

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