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quinta-feira, 1 de março de 2018

QUE PRESSA É ESSA?

Andando pelo Rio – Centro, Flamendo, Copacabana – senti como se estivesse em São Paulo. Nunca vi tanta gente com tanta pressa.
Até os velhinhos têm pressa. O cara de muleta não sei como anda tão rápido. E aquele na cadeira de rodas, como desliza ligeiro. Crianças correndo. Adultos, homens e mulheres apressados. Mães e seus carrinhos de bebê com muita pressa. Parece que somente estes, como eu, não têm pressa alguma.
No metrô, como correm... Descem a escadaria de dois em dois degraus, correndo pra pegar o trem que está quase fechando as portas. Como se não viesse outro daí a um minuto. Ou, no máximo, um minuto e meio. E para entrar no trem, todos querem ser os primeiros. Nem deixam os outros saírem. 

Sou o último a entrar ou a sair do trem. 
A pressa não é só matutina, é também vespertina.
Vou devagar, quase parando, já tive pressa outrora. Agora, sigo no mundo a passeio com meu passinho de pinguim, quase sem levantar os pés do chão, vez em quando levo um esbarrão. 

Nem ligo, vou levando, observando, admirando tudo. 
Vou lentamente em meio à pressa de todos, apreciando o caminho e sem me importar com o destino. 

É como quando escrevo sem nunca saber o que dizer no final, pois sei que vou encontrar a saída, enquanto vou me deliciando com as palavras. 
Pra que essa pressa insana? Que pressa à beça é essa? Tudo tem seu tempo certo.
Estariam todos atrasados pra chegar a lugar nenhum ou para encontrar o seu amor? Acho que não, até os casais de namorados estão quase correndo. Estarão fugindo ou será um caso de emergência? Talvez, dois, pois seguem em sentido contrário.
Sempre soube que a pressa é inimiga da perfeição e que afobado come cru. Sei também que a pressa é cega para o que há de belo no trajeto.
Quem tem pressa apenas olha e não enxerga. Não veem as belas mulheres que cruzam nosso caminho. 
As melhores coisas da vida nós fazemos sem pressa, bem devagar: um carinho, o abraço, o beijo, a transa.
Eu sou a prova viva de que a vida sem pressa dura muito mais.
“Não percamos tempo, mas não tenhamos pressa”, aconselhou Saramago.

2 comentários:

RODRIGO PHANARDZIS ANCORA DA LUZ disse...

Ótima reflexão, Lacerda.

Como naquela música do Oswaldo Montenegro,

"Ando devagar porque já tive pressa"

E que nunca nos falte

"o dom de ser capaz, e ser feliz"

Forte abraço.

RODRIGO PHANARDZIS ANCORA DA LUZ disse...

Em tempo! acho que troquei os autores por um dos cantores (rsrsrs), visto que Tocando em frente é dos compositores Almir Sater e Renato Teixeira.